alb0n de família

21/03/2008

O dramalhão veste prada

A primeira temporada de Ugly Betty é uma mistura bem feita de dramalhão latino e de O Diabo Veste Prada.

Semana passada, o episódio de Ugly Betty me fez uma coisa que há muito tempo a televisão não me fazia: me surpreendeu. A mulher com quem Wilhelmina falava no telefone não era a mãe de Daniel. Esse tipo de mistério é um artifício clichê na televisão. O que Ugly Betty fez de diferente foi a execução do suspense.

O redator da série, Silvio Horta, cresceu na Miami dos imigrantes. Lá, ele acompanhava com sua mãe os grandes dramas latinos: aqueles com um cenário colorido, grandes suspenses, uma mocinha sofredora, mas batalhadora, um mocinho charmoso e rico, uma vilã cruel e um enredo que você já sabe onde vai dar. Te lembra alguma coisa? É claro, Ugly Betty.

O que faz a série ter ganhado o Globo de Ouro, então? O fato de Horta ter utilizado a narrativa clássica das telenovelas, mas acrescentando situações novas e nunca antes exploradas. O caminho é o mesmo, mas o aslfato é novo e brilhante.

A adaptação de Yo Soy Betty La Fea traz uma gordinha e imigrante trabalhando na maior revista de moda da américa - uma inspiração clara, também, no filme O Diabo Veste Prada. Aliás, existem semelhanças gritantes entre o filme e a série: em um episódio, a trama gira entorno do boneco da revista e, em outro, Betty vê que a vontade de crescer profissionalmente pode levar as pessoas a, sem querer, usar outras.

Mas O Diabo Veste Prada, por si só, não daria conta de ser uma série para TV. Para sobrevier aos 24 episódios de uma hora cada que um seriado tem por temporada, Ugly Betty aborda temas como imigração, jogadas profissionais, beleza, família americana, estilo de vida em Manhatann. Tudo isso sustentado pela atuação carismática de America Ferrera, por um roteiro recheado de piadas e uma direção capaz de juntar o frio mundo americano com o caliente estilo mexicano.

Ao ganhar o Globo de Ouro de melhor série, Silvio Horta disse: "Como a maioria aqui em cima (no palco), Betty é uma imigrante e o sonho americano está vivo, feliz e alcança a todos aqueles que o querem para si", o que mostra que realidade e ficção estão, nesse caso, muito próximos: com produção de Salma Hayek e com Silvio Horta, ambos de origem latina, Ugly Betty é a primeira produção de TV dos EUA que mostra que o imigrante está no palco da sociedade, ao lado do americano.

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